segunda-feira, 1 de março de 2010

HISTÓRIA DE VIDA



É com prazer que falo da minha infância e da minha vida escolar, pois foram momentos únicos que vivenciei que adquirir vários conhecimentos e construir verdadeiras amizades.
Foi na cidade de Lafaiete Coutinho que passei toda a minha infância, fui alfabetizada e cursei o ensino fundamental e médio. Lembro que na alfabetização o método utilizado era o ba-be-bi-bo-bu, tive grande dificuldade de ser alfabetizada com esse método e era o único que a professora utilizava, mas no final deu tudo certo e conseguir aprender ler e escrever.
Nas séries iniciais tive grande dificuldade com matemática, porém a atitude de uma professora me ajudou a superar as minhas limitações. Ela dava aulas extras de matemática e foi nessas aulas que a professora nos ensinava de forma diferente, mostrando que não tinha segredo aprender matemática, tive a oportunidade de aprender resolver contas simples como de multiplicação e divisão. A atitude da professora marcou a minha vida, toda vez que resolvo uma dessas contas sempre me lembro dela.
Hoje faço uma reflexão da atitude da professora e vejo que na relação professor-aluno estava presente, muito respeito, cumplicidade, entendimento e amor pela docência.
No ensino fundamental e médio construir novos conhecimentos, superei novas dificuldades e aprendi muito. Lembro que a relação ensino-aprendizagem variava muito de professor, tinha professores que seguiam a velha pedagogia tradicional e viam seus alunos como uma folha em branco, e que eles estavam ali para depositar conteúdo, existiam também professores inovadores que realmente se preocupavam com o aprendizado de seus alunos e tornavam suas aulas interessantes.
A avaliação era utilizada por alguns professores como punição e simplesmente para atribuir uma nota e outros utilizavam a avaliação como uma investigação, buscando saber como estava sendo o nosso aprendizado.
Enfim concluir os estudos e construir um aprendizado significativo para a minha vida, mas um novo desafio estava por vim, era hora de prestar vestibular.

Quando prestei vestibular no ano de 2006, a minha intenção era fazer vestibular para história, mas como na UESB campus de Jequié não tem o curso de historia acabei optando por pedagogia. Ter sido aprovado no vestibular foi um momento muito marcante na minha vida, pois com esta aprovação eu saberia que a minha vida iria mudar. Entrei na universidade com intenção de construir conhecimentos e desenvolver-me profissionalmente.
Os primeiros semestres de pedagogia (1º 2º e 3º) foram muito difíceis e marcantes na minha vida, pois eu conheci pessoas que nunca tinha visto antes e teóricos e teorias que nunca ouvir falar, isto me deixou muito insegura, ansiosa e com medo, pois eu não tinha conhecimentos prévios, principalmente, para participar das discussões em sala de aula, mas por outro lado todo esse conhecimento e toda essa teoria contribuíram muito para o meu crescimento profissional, mostrando realmente o que eu queria. Costumo dizer que o curso de pedagogia tirou a venda dos meus olhos, hoje eu vejo a sociedade, a educação, a escola, a criança enfim o ser humano com outro olhar.
A partir do segundo semestre a minha insegurança e o meu medo foi passando e fui tornando-me uma pessoa mais confiante. Eu confiava mais nas minhas produções, na minha fala e no conhecimento que estava construindo.
A disciplina Sociologia da Educação II foi a que marcou o segundo semestre, adquiri conhecimentos que foram muito importantes para a decisão de ser professor. Tive a oportunidade de discutir alguns conceitos que contribuíram muito para a minha concepção de homem, educação, escola e sociedade, como exemplo: Ideologia que é o conjunto de idéias e representações que se orienta para a legitimação ou reprodução da ordem estabelecida; Os Aparelhos Ideológico de Estado são mais uma forma que a burguesia encontra para manter-se no poder.
Todos esses conceitos me fizeram enxergar a educação e a escola com outros olhos, pode perceber que infelizmente a educação é pensada por determinada classe social para a dominação de outra classe e a escola é mais um local que afirma e mantém a desigualdade social. A reflexão que tirei dessa disciplina e do segundo semestre foi que é importante que o professor tome consciência de todos esses artifícios e ideologias para fazer a diferença em sala de aula, mostrando toda a injustiça e desigualdade existente na nossa sociedade, fazendo com que o aluno pense na sua realidade social.
No terceiro semestre a minha confiança foi aumentando mais e fui me descobrindo no curso de pedagogia. Com a disciplina Estrutura e Funcionamento da Educação Básica I, teve a oportunidade de discutir mais a fundo a educação, principalmente essa educação neoliberal que se preocupa com a formação de um individuo consumidor e competitivo. No discurso neoliberal a educação deixa de ser parte do campo social e político para ingressar no mercado e funcionar a sua semelhança.
Com a disciplina Psicologia da Educação II, tive a oportunidade de discutir a relação professor-aluno que não deve ser uma relação de imposição, mas sim, uma relação de cooperação, de respeito e de crescimento. O aluno deve ser considerado como um sujeito interativo e ativo no seu processo de construção de conhecimento. Assumindo o educador um papel fundamental nesse processo, como um indivíduo mais experiente. Por essa razão cabe ao professor considerar também, o que o aluno já sabe sua bagagem cultural e intelectual, para a construção da aprendizagem, assim tanto o professor como o aluna irão fazer parte do processo ensino-aprendizagem.
Segundo FREIRE (1996: 96), “o bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas”.

No quarto semestre com a disciplina Psicologia da Educação III, tive contato com teorias que contribui, para entender as minhas dificuldades, medos, traumas e para poder também entender as outras pessoas, pois um profissional de educação se relaciona com pessoas que trazem consigo seus sofrimentos e angústias para o ambiente escolar e o professor precisa ter certo conhecimento em ralação a esses assuntos para poder entender seus alunos e o momento que eles estão passando e assim poder ajudá-los.
No quinto semestre as discussões sobre educação ficaram cada vez mais interessantes, principalmente sobre educação infantil e de jovens e adultos. Com a disciplina Educação Infantil a professora Marilete Cardoso trouxe concepções e discussões sobre a criança e a infância que contribuíram muito para a construção do nosso conhecimento em ralação a educação infantil, que sempre foi um bicho papão em nossa sala, pois todos tinham medo de trabalhar com crianças. Em particular essa disciplina contribuiu para que eu formasse a minha concepção de criança, infância e educação infantil.
Com a disciplina Educação de Jovens e Adultos, pode conhecer melhor os verdadeiros princípios que norteiam essa modalidade de educação, bem como as problemáticas que dificultam uma educação significativa, que leva esses jovens e adultos a pensarem na sua realidade social.
A educação de Jovens e Adultos tem como principal representante Paulo Freire, que defende uma educação que possibilite esses jovens e adultos lerem o mundo, ou seja, lerem as desigualdades e injustiça social, buscando sempre uma transformação da sua realidade social. Baseado na teoria de Freire essa modalidade de educação ressalta que educadores e educando estão numa perspectiva horizontal em que um ensina ao outro e o outro ao aprender também ensina, tendo um diálogo como articulador das ações de ensinar e aprender.
No sexto semestre as discussões foram mais diversificadas, as disciplinas que marcaram foram Currículos e Programas, Avaliação da Aprendizagem.
Com a disciplina Currículos e Programas a professora Sirlândia, trouxe discussões muito interessantes em relação ao currículo escolar e ao currículo oculto. Sabemos que o currículo escolar de certa forma defende os interesses da classe dominadora, excluindo os saberes dos alunos e reforçando a desigualdade social. Já o currículo oculto onde figuram as aprendizagens regulares produzidas pela escola e que não constam nos planejamentos. Reforçam nos alunos alguns valores/atitudes como a disciplina, o respeito, a necessidade do esforço pessoal.
Com disciplina Avaliação da Aprendizagem eu aprendi o verdadeiro sentido da avaliação. Percebi que a avaliação não tem a função de classificar ou da notas e sim de investigar se a aprendizagem foi alcançada pelo aluno de uma forma significativa, dando condições para que o professor possa mudar a sua estratégia de ensino. De acordo com Luckesi (1999), a avaliação que se pratica na escola é a avaliação da culpa. As notas são usadas para fundamentar necessidades de classificação de alunos, onde são comparados desempenhos e não objetivos que se deseja atingir.
No sétimo semestre um dos mais cansativos, porém enriquecedor teve finalmente a oportunidade de ir para sala de aula (na educação infantil), com o estágio da disciplina Práticas Pedagógicas em Educação Infantil, ministrada pela professora Cláudia Celeste. Esse estágio representou na minha vida acadêmica e profissional, um momento de reflexão, superação e decisão.
Dentro do curso de pedagogia todos os professores que conheci, contribuíram muito para o meu processo de aprendizagem e para o meu crescimento pessoal, todos estes profissionais na sua individualidade marcou a minha vida, deixando exemplos de luta, amor pela profissão, comprometimento, e principalmente, deixaram o exemplo de que o professor precisa ter uma posição política e um compromisso social.
Os saberes adquiridos, as amizades construídas e as experiências vividas, contribuíram muito para a minha vida profissional e pessoal.
Agora chegou o VIII semestre, estou esperando com muita expectativa o estágio da disciplina, Práticas Pedagógicas no Ensino Fundamental sei que será um momento de descobertas e aprendizado.